Teorias sobre dor: A Teoria da Especificidade

dor e tirSenta que lá vem a história

Grandes pensadores, filósofos e pesquisadores buscavam o conhecimento doloroso. Eles realmente precisavam pensar e não tinha internet na época. Vamos então viajar no tempo desde meados do século 16 até os anos 90 para falar da Teoria da Especificidade. Vai ser apenas um passeio de ônibus de turismo. Vamos ver o que tem por lá.

O pensamento era: existiam vias (linhas de trem) específicas de condução dos diversos estímulos que nosso sistema poderia captar e com a dor acontecia a mesma coisa, viajando por uma via até o cérebro e ao chegar lá, um sino tocava, como um alerta. Isso começou com nosso velho conhecido e atualmente reciclado René Descartes lá pra 1660.

Nesta época, outros “dolorosos” como Galen, Vesalius e La Forges aprofundaram o conhecimento sobre a anatomia do sistema nervoso. Isso fez com que em meados de 1810, Charles Bell (não é o do telefone) organizasse melhor as idéias de Descartes e sugeriu que existia sim uma via específica de dor. Vários de seus colegas da época descobriram que as fibras nervosas eram capazes de detectar estímulos muito específicos, desde os nervos até a medula, mais precisamente na ponta de trás (corno posterior): temperatura, tato e dor – que seriam transmitidos e percebidos na mente.

Quase no inicio de 1900, von Frey e Goldscheider realizaram vários experimentos e descobriram que a pele tinha vários pontos sensoriais que eram capazes de “sentir” a temperatura, toque e dor. A partir de seus “cabelos” (amigo íntimo de Raul Seixas) ele desenvolveu um instrumento para medir o quanto de pressão na pele poderia provocar sensações como a dor. Contrariando suas hipóteses, encontrou pontos onde não teve dor como resposta. Hoje, seus “cabelos” tem o nome de estesiômetro. Mas, como não ter dor a pressão? Será que na verdade não existiam receptores de dor?

Nesta mesma época, Sherrington disse que os pontos sensoriais na pele, na verdade, eram receptores de estímulos nocivos (perigosos). Portanto, Sherrington é o pai dos estímulos “nocicipientes” (como ele mesmo chamou na época). Para os amantes da neurodinâmica / mobilização neural, Sherrington foi um dos primeiros cientistas a testar os movimentos dos nervos e sua resistência a carga. A tão querida nocicepção veio no final dos anos 60, com a descoberta das fibras de transmissão de estímulos nocivos, fibras C e A delta, amielínicas e mielinizadas, respectivamente. “Fios com e sem capa de proteção”.

Mesmo com tamanho conhecimento científico desenvolvido e quase 3 séculos depois, a dor foi compreendida como uma experiência biológica para a maioria. Ou seja, algo precisava machucar o corpo para ligar os sensores de dor no sistema nervoso. Não tinha emoção. Não tinha outra explicação.

Hoje em dia, ainda se pensa desta forma. São os fantasmas nociceptivos que ainda rondam os avançados estudos modernos da dor.

“Pain channel” encerra sua programação. Bom dia!

Artur Padão – Dorterapeuta

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