Isolamento social: bloco doeu sozinho

“Solidão amiga do peito, me dê tudo que eu tenha por direito, me diga, me ensina”

Um dos comportamentos mais complexos e tristes em relação a dor crônica é o isolamento social. Existe uma tendência das pessoas com dores que não melhoram de fugir de tudo e de todos, pois o mundo passa a ser doloroso. Além disso, o mundo ao redor de pessoas com dor crônica não consegue compreender mesmo tantas dores, pré julgam, conceituam de forma negativa e contribuem muitas vezes para a cronificação do isolamento. O preço é caro para quem tem dor crônica!

“Não vou olhar pra trás, a saudade está morta, e já não me importa, estar longe demais”.

O isolamento social leva a depressão e o inverso também ocorre. Quanto mais isolado, mais sozinho. Só você e sua dor. E vários estudos mostram o quase óbvio em diferentes condições clínicas como dor lombar crônica, fibromialgia e dor pélvica crônica: quanto mais dor mais isolado. Mas, não é só isso. Algumas características como a “grana em baixa”, casamento em crise, baixo nível educacional e a falta de suporte familiar e de amigos contribuem para o afastamento.

“Eu quero calor e o mundo é frio, minha vaidade não enxerga o paraíso, eu preciso de alguém pra fugir, sem avisar ninguém”.

O isolamento social é nocivo as pessoas, assim como a dor que não melhora. Fugir do mundo é pedir para a dor tomar conta de sua vida. E se isso ocorre, aprendemos a conviver com a dor de forma distorcida. E como? A dor passa a fazer parte da sua vida, com valor agregado, pois o apoio está na dor e não nas pessoas ao redor. É CurtiDores, as pessoas se relacionam com suas próprias dores sim!

A dor “tão perto de mim, tão longe de tudo”

Da casa para o tratamento, para o laboratório de exames e de volta para casa. Essa é a rotina de muitos pacientes com dores crônicas persistentes e isolados de sua vida social. Trabalho, família, cinema, exercício, Deus, amigos, de tudo o que se gosta está tão longe e cada vez mais perto da dor. Talvez seja por isso que existam tantos grupos de apoios a problemas crônicos de saúde, como o abuso de álcool e drogas, cigarros, comida, outras doenças e, claro, dor crônica. O que existem em comum? O relacionamento próximo com seu problema e o isolamento social.

Tratar a dor é também recuperar-se para a sociedade!

Artur Padão

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