Exercícios podem e/ou devem ser dolorosos?

dor e exer2Uma das grandes recomendações na boca do “povo da saúde” é se exercitar apenas na ausência de dor. Entende-se a dor, neste caso, como resultado de lesão e por isso o exercício com dor seria prejudicial. Interessante que ainda pensamos desta forma e ignoramos que atletas fazem isso o tempo todo e continuam treinando “de boa”. Se fosse assim, o programa de Tv “quilo por quilo” ou “perder para ganhar” seriam dolorosamente cancelados.

Primeiro, precisamos definir se realmente existe uma lesão que contra indicaria o exercício proposto. Na dores agudas, é provável. Na dor crônica, pouco provável. Interessante que ainda tratamos a dor crônica como dor aguda, recomendando cuidados semelhantes para o alivio da dor.

Segundo, será que o exercício é a melhor opção? Provocar dor durante o exercício tem o “lado bom ou negro da força”. Tudo depende do próprio paciente, se tem habilidades e um bom enfrentamento, boa tolerância e está focado em se recuperar. Pessoas focadas na dor e na região do corpo que dói ou com medo de se movimentar, devem realizar exercícios sem dor.

Terceiro, porque sentir dor? Será que se exercitar com dor é melhor do que sem dor? A ciência mostra que os benefícios são poucos, porém ocorrem.

– Na dor musculoesqueletica, por exemplo, um estudo de revisão de Smith e colegas de trabalho (2017) mostrou que dá pra ser.

– Ja na dor neuropática, os estudos são mais experimentais de amigos do “Topo Giggio” (Lopez-Álvarez e amigos, 2015), mostrando que exercícios progressivos mesmo com dor reduzem a dor.

– Na fibromialgia, não há como não se exercitar sem dor. No início a dor piora, mas a persistência e a paciência (novas amigas) ajudam no resultado final positivo (Sabbag, 2007).

– E na síndrome complexa de dor regional? Com ou sem dor produzem efeitos positivos quando bem indicados (Ek et al, 2009).

Doer ou não doer durante o exercício? Eis a dolorosa questão que impede muitas pessoas de melhorarem seus sintomas dolorosos. Faça sua escolha com sabedoria, preferência do paciente e, acima de qualquer suspeita, veja a opinião da ciência. Não morde, não arde os olhos. Pode apenas ser diferente da sua.

Artur Padão

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