Desvendando os mistérios da dor: dor referida

Normalmente quando sentimos dor, dizemos que existe algo errado com o corpo. Isso está na ponta da língua de todos pois aprendemos que dor é uma consequência de algum machucado. Agora, quando você sente uma dor no pé, por exemplo, e não encontra nada no seu pé que justifique a dor? Pé quente ou pé frio?

Será que a dor vem de longe? Ou será alguma assombração musculoesqueletica? Quando encontramos uma dor que tem sua origem distante do local que dói, chamamos de dor referida. É super comum a dor ser referida das “entranhas”, como intestino, estômago, rim e até mesmo do coração. O poeta Russo já dizia que “é uma dor que dói no peito”. A dor dói no peito, mas não vem do coração!

Outro exemplo clássico de dor referida ocorre no “ataque cardíaco”. Quase metade dos pacientes relatam que seus sintomas começaram nos braços, mandíbula, nas costas e até mesmo no pescoço. Problemas renais e intestinais causam dor lombar, dificultando a identificação da causa real. Tem que ficar ligado nos sintomas.

Temos também a dor referida muscular, que é muito mais comum do que se imagina. Vários pontos musculares dolorosos podem causar dor a distância, onde por exemplo você aperta no ombro e dói na cabeça; aperta no glúteo (com todo o respeito neurofisiologico) e dói “ao longo do nervo ciático”; aperta na batata e dói na lombar. E quem nunca ouvir falar na dor facetaria cervical, que espalha dor para o ombro ou torácica?

Enfim, a dor referida está na área! E porque?

Vários tentaram explicar, mas ninguém sabe dizer o que é. Um grande mistério para o estudo da dor! Uns dizem que tem a ver com energia acumulada, que segue trajetos específicos no nosso corpo. Outros dizem que pode ser algo projetado do cérebro. Mas, para entender realmente o fenômeno que explica a dor referida, você precisa voltar no tempo. Em um mundo de telefones com fio (lembra dele?), existia um evento chamado “conversa cruzada”. Era quando alguma outra chamada entrava ao mesmo tempo da sua. Você podia ouvir e falar com a outra pessoa.

Na verdade, a conversa cruzada entre nervos, ou seja, quando um nervo pode influenciar / estimular o funcionamento de outro, talvez explique as dores que estão em locais longe da origem. Nosso telefone com fio neurofisiologico recebe o nome glorioso de “efapse”.

A dor referida é a dor que dói, mas não é de lá. Mistério!

Artur Padão

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