Curtindo uma dor adoidado

dor curtiQuem nunca ouviu a célebre frase: “aperta mais esse ponto ai, hummm que dor gostosa” ou “estica mais a perna, hummm que dor gostosa” ou “bota mais carga ai nesse exercício, hummm que dor gostosa”. Parece meio que um sadô mazô neurofisiológico, mas não. Tem gente que gosta de sentir dor sim.Se falarmos de sexo, cerca de 10% dos adultos ativos sexualmente curtem um sadô mazô doloroso durante a cena.

Bom, vamos trilhar dois caminhos para convencer o eleitorado de que sentir dor pode ser bom sim: 1. auto punição e 2. reação do sistema nervoso a dor.

Pessoas que curtem uma auto punição, sendo a dor como possibilidade, podem ter maior limiar e tolerância a dor; o estudo de Schamahl et al (2006) mostrou que pessoas com personalidade bordeline tinham menos atividade cortical em áreas normalmente ativadas em reações negativas, sendo chamado de um mecanismo antinociceptivo.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov.libproxy.lib.unc.edu/pubmed/16754839

Nock (2009) mostram em um texto muito interessante sobre comportamentos nocivos que isso faz pessoas simplesmente se sentirem bem, podendo ser a auto punição dolorosa um comportamento semelhante
http://www.ncbi.nlm.nih.gov.libproxy.lib.unc.edu/pmc/articles/PMC2574497/

Temos a mesma capacidade de produzir dor e de aliviar dor. Não podemos dizer que a pessoa que curte uma dorzinha adoidada tem uma personalidade borderline ou é um ponto fora da curva. Simplesmente, clinicamente, muitas pessoas preferem passar por uma experiência dolorosa para sentir os efeitos pós: relaxamento, prazer, satisfação. Isso acontece com muita frequência na fisioterapia, por exemplo, com massagem, terapia manual, acupuntura e exercícios físicos.

Teorias dão suporte para a produzirmos dor durante um tratamento, para que o próprio sistema nervoso module este processamento. Um exemplo disso é o efeito contrairritante, onde oferecemos um estímulo irritativo doloroso (substâncias químicas, corrente elétrica) para ativar o sistema opioide (Sluka, 2009). Isso é bom! Outra sugestão é quando aplicamos terapia manual passiva articular, onde ativamos os neurônios do sistema não opioide (serotonina e noradrenalina). Isso não é tão bom, mas é bom!
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14581123
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18316238

Se isso não for suficiente para você acreditar que existem pessoas que curtem sentir uma dor adoidada, pergunta no posto ipiranga! Lá suas respostas sempre serão encontradas.

Artur Padão – Dorterapeuta

 

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