Caçando explicações para a dor

dor explicaçõesDentre as várias dificuldades que a dor provoca, buscar explicações para tanta dor é meio que uma caça ao tesouro perdido.

Caçar explicações para a dor é como se fosse uma busca implacável pelo corpo perfeito. Parace que as vezes o cérebro se torna músculos de silicone.

Poxa, é tão fácil e simples explicar a dor através de machucados como feridas, queimaduras, hérnias e afins. Porém, como explicar que isso tudo ainda provoca dor? Porque ainda acreditamos que hérnias e artroses provocam dor crônica?

Segundo uma fonte quente do paparazzo da revista Pain, as dores crônicas são responsáveis pelo maior número de consultas a profissionais de saúde nos Estados Unidos. Provavelmente no Brasil também.

Motivos pelo qual a dor aparece:

Machucados – queimaduras, feridas, hérnias de disco, lesões ligamentares e musculares, beliscões da namorada – provocam dor pois o cérebro disse que doeu, pois a pele, músculos, articulações e nervos foram machucados e enviaram essa informação ao cérebro. As vezes o cérebro não acha que merece ter dor. Isso mostra que nem todas as hérnias de disco causam dor.

1 x 0 para a dor – a batalha naval entre o alivia e o que provoca é frequentemente perdida na dor crônica. Nosso forte de combate fica enfraquecido. Os tiros de endorfina já não fazem mais o mesmo efeito. As balas de serotonina foram todas comidas no almoço. E o GABA, nossa principal substância de alívio, virou óleo de motor. 

Sistema nervoso sensível – quando os estímulos são persistentes e importantes para a pessoa, podem deixar os nervos e medula sensíveis a ponto de ficarem menos tolerantes. Isso significa que um estímulo cada vez menos intenso provoca mais dor de forma antecipada.

Cérebro em alerta – da mesma forma que antes, a persistência da dor pode deixar o cérebro em estado de alerta, como se tudo fosse interpretado como ameaçador e preparando o corpo para reagir imediatamente. O resultado disso é sentir-se em risco de ter dor ou ter mais dor o tempo todo.

Necessidade – muitas pessoas usam a dor de acordo com suas necessidades. Alguns exemplos vão desde evitar situações que possam provocar dor, como movimentos ou situações da vida até mesmo usar a dor para benefício próprio. Imagine alguém que passe a vida inteira trabalhando e servindo a família sem falar nada, começe a ter dor intensa. E se os papeis se inverterem, todos começarem a fazer tudo por essa pessoa? Vai voltar a servir ou querer ser cuidada? Deixo a resposta para vocês.

Memorizando a dor – quanto mais dor sentimos mais dor aprendemos a sentir. Nossos neurônios adoram memorizar coisas legais e também nada legais. Portanto, pessoas com dor crônica aprendem que dor faz parte do dia a dia, então memorizam a sensação dolorosa.

Reações exageradas – existe uma necessidade para que todos acreditem que a dor é “rayalmente real”. Por isso, pessoas com dor costumam aumentar e exagerar nas reações a dor, como gestos do corpo, posturas, verbalização intensa. Mas, isso faz parte do comportamento doloroso, não é de propósito. Mantendo essas reações, os músculos se contraem mais e mais, os nervos ficam mais sensíveis, o cérebro mais em alerta e memorizamos mais dor.

Emoções a flor da pele – quem disse de que depressão, ansiedade, irritação e mau humor não provocam dor? lembre-se que os músculos adoram as nossas emoções, se contraindo para atraplhar seus movimentos. Isso pode provocar mais dor do que vocês imaginam.

Medos e medos – para reagirmos frente a situações de medo, ativamos as defesas nucleares do corpo. Porém, a decisão final não é sua, é do seu cérebro. O teu cérebro decide mais do que você. A dor provoca medos intensos, que provocam mais dor e mais preparação do corpo. Músculos se contraem, articulações ficam rigidas, coração na boca, tensão no ar, não dá pra relaxar.

Então, o que está escrito nas entrelinhas?

“Quanto mais dor você sente, mais dor você aprende a sentir”

“Dor persistente = cérebro, medula e nervos sensíveis”

“Com medo da dor? Tome um gole de endorfina e enfrente”

“A escolha pela dor é uma decisão do cliente”

Artur Padão – Dorterapeuta

Um comentário sobre “Caçando explicações para a dor

  1. Mais como entender de onde vem essa dor e fazer o “cliente/paciente” tbm entender, e desativala?

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